sábado, 30 de novembro de 2013

Fique sabendo

É preocupante constatar que a sífilis -- um dos principais flagelos da humanidade numa época em que sequer se sonhava com os antibióticos --contamina bebês ainda no útero das mães Iniciada ontem pela Secretaria de Estado da Saúde, em parceria com as prefeituras de 516 municípios, a campanha Fique Sabendo 2013 --um megamutirão de exames gratuitos para detectar a sífilis e o vírus HIV (causador da aids) -- pretende chegar ao Dia Mundial de Combate à Aids, no próximo domingo (1º/12), com 200 mil testes rápidos realizados. Desses, mais de 1.700 deverão ser feitos em Sorocaba, em 34 unidades da rede pública de saúde local, que terão o reforço dos ônibus do homem e da mulher. Os alvos principais do mutirão são pessoas que nunca fizeram os exames e que mantêm vida sexual ativa, bem como aquelas que estiveram expostas a situações de risco, como fazer sexo sem preservativo. É possível que uma parte dos que fizerem os testes rápidos venha a saber que é portadora de HIV ou sífilis. Ficar sabendo certamente não será agradável e provocará mudanças profundas na vida de cada um -- mas, considerando-se que a contaminação já tenha ocorrido, será o que de melhor poderá lhes ocorrer. A exemplo do que acontece com outras doenças, como o câncer de próstata e de mama, o diagnóstico da sífilis e do HIV é o único caminho possível para assegurar a qualidade de vida e evitar a deterioração física que pode levar à morte. O diagnóstico é indispensável, também, para evitar a contaminação vertical (aquela em que o vírus é transmitido da mãe para o filho) e para que os pacientes passem em revista seus hábitos sexuais, evitando transmitir a bactéria da sífilis ou o vírus da aids para seus companheiros. A informação e os hábitos preventivos são os maiores inimigos das doenças, e hoje, além da orientação de saúde que é dada nas escolas e pelos meios de comunicação, tem-se a máxima facilidade para obter até mesmo preservativos gratuitos na rede básica de saúde. A incidência da aids e da sífilis, no entanto, demonstra que uma parcela significativa da população ainda se arrisca a contrair uma doença sexualmente transmissível (DST) mantendo relações sexuais sem qualquer proteção. É preocupante constatar que a sífilis --um mal que se instalou na Europa após o descobrimento da América, e que se tornou um dos principais flagelos da humanidade numa época em que sequer se sonhava com os antibióticos -- contamina bebês ainda no útero das mães, mesmo nos Estados onde os recursos de saúde supostamente são mais avançados, como São Paulo e Rio de Janeiro. Em 2011, 3,2 mil gestantes tiveram diagnosticada a sífilis no Estado de São Paulo -- uma taxa de 5,4 por 1.000 nascidos vivos. A principal dificuldade, de acordo com as estatísticas oficiais, decorre da resistência de parte da população ao sexo seguro. E o problema maior parece ser uma associação de pouca idade com baixa escolaridade. Mais da metade (52,4%) das grávidas que tiveram diagnosticada a sífilis em 2011 tinha entre 20 e 29 anos de idade, ao passo que o maior volume, no quesito escolaridade, era composto pelas que não completaram a 4ª série ou o ensino fundamental. Campanhas intensivas de saúde têm apresentado bons resultados, até porque conseguem mobilizar grupos inteiros de pessoas para exames, como ocorre com os ônibus do homem e da mulher, em Sorocaba. Contra todos os prognósticos, o Ônibus Azul tem conseguido inclusive quebrar um antigo tabu dos homens contra o exame de toque retal, hoje aceito sem constrangimentos e até com bom humor. A prevenção à aids, à sífilis e às DSTs, em geral, será exitosa se seguir por esse mesmo caminho -- mas, para isso, é indispensável que a população faça sua parte, comparecendo às unidades de saúde para fazer os exames gratuitos e estimulando amigos e parentes para fazê-lo também.

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